por Luiz Vidal Negreiros Gomes, B.DI, M.Sc, Ph.D
Ligia Maria Sampaio de Medeiros, B.DI, M.A., M.Eng.Prod., D. Sc.
Este artigo é fruto de um ensaio introdutório para o Projeto de Re-estruturação do Ensino da Engenharia na Universidade Federal de Santa Maria, REENGE. O seu objetivo é demonstrar não só pensadores e governos dos chamados países desenvolvidos economicamente há tempo vêem se preocupando com as questões de uma filosofia para o ensino tecnológico e os melhores meios de estruturar os currículos para o primeiro, segundo e terceiro graus do ensino no que tange à tecnologia, ciência e desenho.
Procura-se também demonstrar que podem ocorrer verdadeiras mudanças - e não meras modernizações - no ensino da engenharia se, porventura, as disciplinas das áreas consideradas básicas para o desenvolvimento das diversas especializações da tecnologia sejam trabalhadas inter e multidisciplinarmente. Com tal idéia em mente, propõe-se uma disciplina - a biônica - ou o estudo dos sistemas e organizações naturais, visando à análise e às descobertas de aspectos funcionais, estruturais e morfológicas para a aplicação em soluções de problemas técnicos, tecnológicos e de desenho nos produtos da engenharia humana. Conclui-se o artigo com a idéia do programa “Educação da Engenharia para um Mundo em Mutação” no qual está colocado algo muito importante: No mundo de hoje e no futuro, os programas de educação em engenharia devem não apenas ensinar o básico da teoria, experimentação e prática da engenharia, mas ser um ensino relevante, atrativo e conectado com a realidade e os avanços tecnológicos.
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CONCLUSÃO
A criatividade, então, pode ser entendida como a expressão para representar todos os processos relacionados com o pensamento produtivo, assim como as formas com que o homem molda o meio ambiente, através de seus produtos verbais e não-verbais, concretos ou abstratos. ...
A criatividade da criança é suprimida em casa e na escola onde o que nós vemos é a rendição prática dos bebês e adolescentes. O que as escolas fazem, é induzir as crianças a quererem pensar do modo que as escolas querem que elas pensem. As escolas querem que elas pensem do modo que os seus pais querem que elas pensem: conservadoramente, não criativamente.
Um quebra-cabeça é um problema que não podemos solucionar devido a uma coação imposta por nós mesmos. A criatividade é impelida (acorrentada) por uma coação imposta por nós mesmos. Desse modo, a chave para nos libertarmos está em desenvolver uma habilidade em identificar estas coações e deliberadamente removê-las.
Não é o bastante, suficiente alertar-nos que o fato da coação imposta por nós mesmos é o que obstrui a criatividade do "problem solving". Um problema pode ter cinco tipos de componentes:
1 - Aquele que encara o problema e toma as decisões (o solucionador);
2 - Aqueles aspectos da situação do problema que o solucionador pode controlar: as variáveis controláveis;
3 - Aqueles aspectos do problema que não podem ser controlados, mas que junto com as variáveis controláveis, podem afetar o resultado da escolha: as variáveis não controláveis. Deve ser quantitativo e qualitativo; juntos eles constituem as condições do problema.
4 - Forças impostas de dentro ou sem os possíveis valores das variáveis fechadas e abertas.
5 - Os possíveis resultados produzidos juntamente pela escolha de solucionador e as variáveis abertas.
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Agora uma pergunta: Qual o significado da "arte" na "arte do problem solving"? Normalmente, "arte" é usada desta maneira não tem nada a ver com estética. Para a maioria das pessoas, estética não tem relevância com o problem solving. A arte do problem solving usualmente refere-se tanto a nossa inabilidade para entender o problem solving completamente quanto a nossa habilidade para tomar decisões a despeito desta deficiência.
Um resultado firmemente desejado é chamado um ideal. Ominisciência, por exemplo, tem sido tomada como um ideal para a ciência. Podemos nunca saber tudo, mas podemos saber mais.
A falta de um senso de progresso em direção a ideais, a crescente convicção de que a grande e rápida mudança cultural e tecnológica está nos levando a parte alguma, é outro grande contribuinte para uma decrescente qualidade de vida. Um senso de progresso em direção a ideais dá à vida significado e torna as escolhas significativas. Hoje mais e mais pessoas sentem que elas não têm mais controle sobre seus futuros. Isto tende a fazê-las verem suas escolhas como ilusórias mais do que reais. Fatalismo e resignação para um futuro que está fora do nosso controle degrada a qualidade de nossas vidas. Em contraste, a crença de que o futuro depende daquilo que fazemos de vez em quando, aumenta esta qualidade.
É aparente que aquilo que queremos, nossos objetivos, influencia nossa escolha de opções. Não é tão aparente o fato de que as opções disponíveis influenciam nossa escolha dos objetivos. Nossa concepção de possíveis resultados afeta os resultados que nós desejamos.
Nossa habilidade de resolver problemas é desse modo limitada por nossa concepção do que é possível. Além do mais, mesmo nossa concepção da natureza do problema pode ser limitada deste modo. De qualquer maneira, tais limites são freqüentemente impostos por nós mesmos. Muitos dos nossos problemas derivam de um descontentamento com alguns aspectos do nosso estado geral (comum).
Quando nós focamos as deficiências do nosso estado comum, tendemos a observar cada deficiência independentemente. Embora verificadas muitas deficiências parecem difíceis para removermo-las. Um ideal revela as relações entre coisas que podem ser feitas no futuro, sendo que isto tende a fazer-nos lidar simultaneamente com estágios de ações recíprocas ameaçadoras e oportunidades, tratá-las como um todo, como um sistema de problemas.
O esforço para lidar com estes estágios de problemas recíprocos como um todo é o planejamento, que contrasta com o problem solving. Planejar implica não somente em "dealing holistically" com um nº de problemas recíprocos, mas também com uma orientação previdente. Infelizmente, muito do que é chamado planejamento está preocupado em corrigir um número independente de deficiências observadas.
O problem solving é sempre encaixado no processo de planejamento. Nenhum problema é tratado isoladamente, mas cada problema é formulado com um só, de um grupo de problemas que tratado como um todo. O planejamento proativo consiste em planejar um futuro desejável e encontrar modos de mover-se em direção a ele eficazmente quanto possível.
O design de um futuro desejável é melhor executado quando ele está encaixado em um redesign idealizado de tudo o que esteja sendo planejado - uma nação, uma agência, um negócio. Igualmente o redesign é uma proposição explícita do que os designers teriam agora se eles pudessem ter tudo o que quisessem. Tal design deveria se submetido a apenas duas forças:
1º - O design deveria ser tecnologicamente possível. Isto não impede as inovações tecnológicas; pretende-se evitar o processo de tornar um exercício em ficção científica. Todos os outros tipos de forças externamente impostas - por exemplo econômicas, políticas e legais - deveriam se desprezadas (ou discutidas).
2º - é que o objeto ou estado planejado deveria ser tão planejado que se ele viesse a existir, pudesse sobreviver. O design deveria ser operacionalmente viável.
Além do mais, certamente, qualquer design é inevitavelmente restringido pela falta de informações, conhecimentos, entendimento, sabedoria, para não mencionar imaginação, dos designers. Dessa forma um estado idealizado de assuntos deveria ser um estado no qual os designers fossem capazes de aprender com sua experiência e adaptar chances neles mesmos e as suas condições. Segue-se que um estado ou sistema ideal deveria ser flexível e capaz de ser modificado facilmente, só assim poderia ser melhorado continuamente.
Um design idealizado não é precisamente utópico, pois ele é capaz de ser modificado ou melhorado. É melhor que estes designers possam conceitualizar agora, mais seu design, sem parecer utópico, é baseado no reconhecimento do fato que nenhum design idealizado pode permanecer ideal muito tempo. Assim, o produto de um design idealizado não é um estado ou sistema ideal, mas um sistema ou estado de procura do ideal.
Um design idealizado não é utópico por outra razão: seus designers não fingem ter encontrado as respostas finais para todas as questões que possam por ventura serem feitas sobre o ideal. Onde eles não têm uma resposta, deveriam designar dentro do estado uma capacidade para encontrá-la. É um assunto para contínuas revisões de acordo com o surgimento de novas informações, conhecimentos, entendimentos, sabedoria e imaginação adquiridos.
O design idealizado é aplicável tanto para pequenos sistemas, mesmo individuais, quanto para grandes sistemas; é aplicável tanto para as partes existentes de sistema como para o todo.
O design idealizado produz "unleashes" criatividade porque ele relaxa as coações impostas internamente. Isto aprova a irreverência imaginativa pelas coisas como elas são e encoraja a exploração de áreas previamente impedidas pela nossa própria imposição e culturalmente pelos tabus impostos.
Para converter o aparentemente impossível em possível, é necessário remover ou relaxar as coações que derivam da possibilidade considerada. O design idealizado pode ser extremamente efetivo na remoção e relaxamento de tais coações. No design idealizado, como em todo design, as partes são reunidas em um todo. O design é essencialmente um processo sintetizador. Seu produto é sempre um sistema, um conjunto de partes inter-relacionadas que formam um todo. O design particularmente o idealizado, está nas propriedades do todo.
Um sistema sempre tem propriedades que suas partes necessitam. Embora um sistema de soluções de problemas inter-relacionados sempre tenha propriedades que lhe são necessárias, suas partes adquirem essas propriedades por serem uma parte daquele sistema que de outro modo não teriam. As soluções que estão impraticáveis podem interagir separadamente para produzirem um sistema de soluções possíveis.
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