12 fevereiro 2009

Sobre a construção de novos patamares evolutivos

A EVOLUÇÃO DA NATUREZA .
O CONCEITO DE "NEXT NATURE"


'The Next Nature' ou a 'Próxima Natureza' é um conceito de filosofia pós-moderna que foi cunhado recentemente no ensaio do artista e cientista holandês Koert van Mensvoort – “Explorando a Próxima Natureza”, influenciado pela hiper-realidade e pela fenomenologia, o qual afirma que, através da atividade cultural humana, uma próxima natureza surgirá. A “Antiga Natureza”, percebida como árvores, plantas, animais, átomos ou o clima, tornar-se-á crescentemente controlada e governada pelo homem e isto irá transformando-a numa categoria cultural. Por outro lado, os produtos culturais, que são usados para entreter e controlar o homem, tendem a superá-lo e a tornarem-se autónomos. No passado, o reino dos que “nasciam” pertencia à natureza e a cultura era vista como um reino do “fabricado”. Mas por intermédio da ciência humana estas categorias tornaram-se cada vez mais indistintas.

A idéia principal contida na 'Próxima Natureza' é o conceito de natureza como força dinâmica em profunda interação com um meio técnico-científico-informacional já presente em nossa sociedade e cada vez mais se expandindo em velocidades geométricas, gerando grandes revoluções no conhecimento e no modo de viver das futuras gerações. A 'Próxima Natureza', a natureza da era cibernética, implica em um paradigma para explicar a atual relação entre a cultura e a natureza. O desenvolvimento tecnológico e os novos campos de pesquisa, como a Nanotecnologia, Manipulação Genética, Inteligência Artificial, Tecnologia da Informação, Neurociência interferem radicalmente no nosso sentido de o que é 'natural'. Eles estão conectados à visão natural da próxima natureza. Com o progresso da cultura, as forças da natureza mudam de endereço. A ‘Próxima Natureza’ está portanto, emergindo culturalmente da própria natureza.


Não podemos deixar de nos indagar sobre os rumos de nossa civilização, cada vez mais envolvida no desenvolvimento técnico-cientifico-informacional e qual o papel dos cientistas e pesquisadores diante do panorama que se apresenta. Como evoluirá a esta relação natureza_sociedade? Como será possível garantir a condição de 'natural' e de 'humano' numa civilização que apresenta suas capacidades expandidas pela engenharia genética, inteligência artificial superhumana, nanotecnologia molecular, união do biológico e do tecnológico, do natural e do social? Está correta a convicção de que maior conhecimento conduz necessariamente a um maior bem estar? Ou maior conhecimento e sua adequada aplicação podem, sim, levar ao maior desempenho econômico, não implicando que o ganho resultante seja partilhado pela sociedade? E como se estabeleceria, por exemplo, esse campo das Tecnologias Convergentes sem que seja associado à manipulação da vida dos indivíduos por instâncias de poder incontroláveis? E qual seria o papel da nova convergência como motor central das iniciativas de inovação e seus possíveis impactos sobre o futuro da sociedade? Ou ainda como poderia ser o uso dessa Convergência no Transhumanismo, na criação de seres híbridos (humano-máquina) , na era dos Cyborgs? Como se daria seu relacionamento com a natureza? Até onde influenciarão um ao outro?E como se daria a institucionalidade destas tecnologias, como elas permeariam as instituições humanas, e como se daria o gerenciamento e regulação dos produtos e serviços resultantes da nova convergência, seus aspectos éticos e legais, e seu impacto sobre a sociedade?

4.1. A EVOLUÇÃO DO SER HUMANO .


Tecnologias Convergentes / Transhumanismo um caminho possível

Ao observar o desenvolvimento da ciência, verificamos que a fragmentação, que muitas vezes facilita a compreensão de fenômenos mais intrínsecos de uma determinada área, tornou o conhecimento extremamente especializado e estanque. Para não se perder nele mesmo, e continuar a evoluir, há necessidade de uma profunda interação num movimento convergente, que possibilite encontrar o sentido e a aplicação comum das mais recentes descobertas da ciência, da técnica, da informação.

Tecnologias Convergentes (Converging Technologies) tratam da participação conjunta de áreas do conhecimento que trabalham isoladamente, num esforço conjunto para a solução de importantes questões humanas. Estas Tecnologias (TC), constituem-se numa vasta área de interação da pesquisa em Nanotecnologia, Biotecnologia, Tecnologia da Informação e Ciência Cognitiva, e fizeram sua estréia na cena pública com este nome em junho de 2001, numa reunião organizada pelos pesquisadores norte-americanos Mihail C. Roco e William Sims Bainbridge, com apoio da National Science Foundation (NSF), em Arlington, Virgínia. Desse encontro saiu o documento "Converging Technologies for Improving Humam Performance", com quase 500 páginas das quais emergem possibilidades técnicas até aqui impensáveis, muitas delas beirando a pura ficção científica, para âmbitos tão distintos quanto o da defesa militar e o da saúde humana.

Dois anos depois, a Comissão Européia resolveu lançar um olhar mais enraizado em sua tradição humanística às Tecnologias Convergentes e publicou o documento "Converging Technologies: Shaping the Future of European Societies". De acordo com ele, “os cidadãos da Europa se beneficiarão das CT se elas forem implementadas com vistas aos cuidados de saúde, processamento de informação e comunicação, mitigação ambiental, fontes de energia e outras áreas de interesse público e pessoal”.

No Brasil, o neurocientista e professor titular de neurologia experimental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Esper Abrão Cavalheiro, ex-presidente do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) atual assessor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vem coordenando estudos para ampliar o debate, procurando despertar a comunidade científica brasileira e segmentos da sociedade que atuam no campo da ciência, tecnologia e inovação para a importância de se abrir canais de investigação e prospecção a respeito do impacto que as TCs poderão trazer no futuro da sociedade, promovendo uma verdadeira revolução nas relações Natureza e Sociedade.

A nova convergência de tecnologias tem por objetivo promover a interação entre sistemas vivos e artificiais, na busca de novos dispositivos que sirvam para expandir ou melhorar as capacidades cognitivas e comunicativas, a saúde e a capacidade física dos seres humanos, sendo capazes de trazer modificações significativas na sociedade e no ambiente. Chega-se mesmo a pensar no “renascimento da ciência”. Isto é, uma nova era da ciência e da tecnologia resultante do agrupamento dessas áreas (nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e ciência cognitiva), e que poderá fazer diferença na sociedade do futuro.

O Transhumanismo (às vezes simbolizado por >H ou H+) é uma filosofia emergente que analisa e incentiva o uso da ciência e da tecnologia, especialmente da biotecnologia, da neurotecnologia e da nanotecnologia, para superar as limitações humanas, e, assim, poder melhorar a própria condição humana. O termo transhumanismo foi criado pelo biólogo Julian Huxley em 1957, que o definiu como a doutrina do "homem continuando homem, mas transcendendo, ao perceber novas possibilidades de e para sua natureza humana". Essa definição, conquanto historicamente originária, não é a mais usada, que dela difere significantemente. Em 1966, FM-2030 (F.M. Esfandiary), um futurista estadunidense da New School University, começou a identificar como "transhumano" (uma referência a "humano transitório") — como pessoas que adaptavam tecnologias, estilos de vida, e visões de mundo transicionais à uma pós-humanidade.

A caracterização atual do termo, porém, deve-se a Max More, PhD.Oxford University. Em suas palavras, "transhumanismo é a classe de filosofias que busca nos guiar a uma condição pós-humana”. Ele inclui muitos elementos do humanismo, como o respeito pela razão e pela ciência, o compromisso pelo progresso, e a valorização da existência humana (ou transumana). Anders Sandberg, Dr., descreve o transhumanismo moderno como "a filosofia que diz que podemos e devemos nos desenvolver a níveis maiores, seja fisicamente, mentalmente ou socialmente, usando métodos racionais", enquanto Robin Hanson, Dr., o descreve como "a idéia de que, de vários modos, nossos descendentes não irão ser considerados 'humanos'."

4.2. A EVOLUÇÃO DA NATUREZA . O CONCEITO DE "NEXT NATURE"

'The Next Nature' ou a 'Próxima Natureza' é um conceito de filosofia pós-moderna que foi cunhado recentemente no ensaio do artista e cientista holandês Koert van Mensvoort – “Explorando a Próxima Natureza”, influenciado pela hiper-realidade e pela fenomenologia, o qual afirma que, através da atividade cultural humana, uma próxima natureza surgirá. A “Antiga Natureza”, percebida como árvores, plantas, animais, átomos ou o clima, tornar-se-á crescentemente controlada e governada pelo homem e isto irá transformando-a numa categoria cultural. Por outro lado, os produtos culturais, que são usados para entreter e controlar o homem, tendem a superá-lo e a tornarem-se autónomos. No passado, o reino dos que “nasciam” pertencia à natureza e a cultura era vista como um reino do “fabricado”. Mas por intermédio da ciência humana estas categorias tornaram-se cada vez mais indistintas.

A idéia principal contida na 'Próxima Natureza' é o conceito de natureza como força dinâmica em profunda interação com um meio técnico-científico-informacional já presente em nossa sociedade e cada vez mais se expandindo em velocidades geométricas, gerando grandes revoluções no conhecimento e no modo de viver das futuras gerações. A 'Próxima Natureza', a natureza da era cibernética, implica em um paradigma para explicar a atual relação entre a cultura e a natureza. O desenvolvimento tecnológico e os novos campos de pesquisa, como a Nanotecnologia, Manipulação Genética, Inteligência Artificial, Tecnologia da Informação, Neurociência interferem radicalmente no nosso sentido de o que é 'natural'. Eles estão conectados à visão natural da próxima natureza. Com o progresso da cultura, as forças da natureza mudam de endereço. A ‘Próxima Natureza’ está portanto, emergindo culturalmente da própria natureza.


trechos extraidos do paper 'Geografia, Natureza e Sociedade . Indagações sobre a construção de novos patamares evolutivos' . mestrado UFPR . mai2008 .
Annamaria Pires, Angelita Moura, Julio França

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