23 outubro 2005


de ARQUITETURA ORGÂNICA
para ARQUITETURA HUMANA








A sociedade moderna mantém os seres humanos através de seus mecanismos de persuasão, estabelecidos pelas ideologias dominantes e pelos dogmas religiosos, prisioneiros de “pseudo-verdades” limitantes e escravizantes. Manipulando as mentes e os corações, têm colocado os homens permamentemente numa posição de dominados, de sujeitos alienados de si mesmos. Pautando-se pela “verdade” imposta por estes mesmos dogmas e ideologias, a humanidade tem aceitado passivamente o que lhes é apresentado sem questionamento nem análise crítica. A grande angústia da humanidade, que sem dúvida conduz aos maiores problemas existenciais da atualidade, é este distanciamento cada vez maior e mais crônico de si mesmo. O indivíduo é estimulado e moldado desde que nasce, a se ocupar de coisas e situações “fora de si mesmo”. E com isto vai, gradativamente, construindo uma vida voltada para questões e preocupações “externas"

A repetição mecânica dos modelos de ser, de pensar, de agir, já cristalizados pela humanidade e desde os primórdios preconizados nos dogmas religiosos, definindo relações de poder e dominação que se espalham para as questões sociais, políticas e econômicas, e a pouca ou nenhuma ênfase dada para a construção de uma capacidade verdadeira de percepção de si mesmo, de auto-observação, de compreensão, de análise, de síntese, faz com que o poder de “crítica” da humanidade para o reconhecimento e a aceitação dos dogmas e ideologias, seja muito rudimentar em sua grande maioria, tornando esta humanidade uma massa “ignorante” de sua história, de suas circunstâncias e de si mesmo, e facilmente manipulável no que tange aos objetivos do agente dominador.

Portanto, esta angústia da humanidade, que vem gerando doenças e desajustes de toda ordem, pode ser decorrente da pressão interna pelo criar, pelo inovar, pelo construir “de verdade”, pela expressão dos dons, dos talentos naturais, enfim pela realização do próprio potencial do ser. Não para atender a um interesse externo _ de dinheiro, de status, da empresa, do chefe, da igreja, do filhos, dos companheiros, dos amigos,..._ mas sim como uma manifestação necessária à felicidade do indivíduo e à sua evolução harmoniosa.

Estas reflexões nos levam a pensar e nos perguntar “qual o verdadeiro sentido da vida?” O filósofo e pensador João Laurindo De Souza Netto, em seu livro “Razão, Religião e Estruturas de Poder”, afirma que “o sentido da vida é o sentido que o ser humano der à própria vida”. E este sentido há que ser construído ao decorrer da vida. Como na construção de uma edificação, cada tijolo vai determinando o aspecto e qualidade da construção final, também na vida, cada ação, cada opção, consciente ou não, vai determinando um sentido para a vida.

Seria esta a “verdadeira BioConstrução”?

Arquitetar a si próprio...
Vir se libertando e encontrando com sua verdade...
Buscar sua própria organicidade dentro do fluxo unitário da vida...
Realizar seu potencial de criação...
Estar em seu lugar de poder, lugar de poder ser quem se é.
arquiteta Annamaria Pires



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