08 outubro 2006

Entrevista a Paul Virilio

Paul Virilio, arquiteto francês, urbanista, filósofo, ex-diretor da Escola de Arquitetura de Paris, tem sido uma voz cética no debate das novas tecnologias. Não sendo um conservador, no sentido de não aceitar o progresso, o que pretende é analisar o preço, o «acidente» que a inovação técnica traz, iludida por uma sociedade tecnocrata e positivista.

«Isto é drama. Arte é drama. Qualquer relação com arte é também relação com a morte. A criação apenas existe em relação á destruição. A criação está contrária à destruição. Não podemos dissociar o nascimento da morte, o bem do mal.»

A velocidade (ver dromologia) é a palavra chave do seu pensamento, a riqueza da pós-modernidade, o capital das sociedades modernas. A realidade não é mais definida em termos de espaço e tempo, mas num mundo virtual, onde a tecnologia permite o paradoxo de estar em todo o lado e não estar em parte nenhuma (ver picnolepsia). A perda do lugar/cidade/nação em favor da globalidade, implica a perda do exercício do direito, da democracia que é contrária à imediatez e instantaniedade da informação. A aldeia global de McLuhan é um «gueto mundial».


Você afirma que o mundo atual é um sistema interativo capaz de desencadear catastróficas reações em cadeia. Em suma, estamos na margem da ciberbomba...

- Inspirei-me numa frase que Einstein disse no fim dos anos 50, pouco antes de morrer. Uma frase rotunda e meridiana. Existem três bombas, disse, no devir do ser humano: a atômica -que acaba de explodir -, a da informação - ainda não existia então a informática - e a demográfica. A ideia marcou-me profundamente. Pelo meu trabalho acerca da velocidade, estou consciente de que a interatividade é para a informação o que a radioatividade é para a energia: uma potência colossal. A bomba atómica de ontem e a genética do amanhã não são concebíveis sem a bomba informática. Depois da bomba atômica, susceptível de desintegrar a matéria pela energia da radioatividade, surge neste fim de milênio o espectro de uma segunda bomba, a informática, capaz de desintegrar a paz das nações pela interatividade da informática. Porque não é a informação a ameaça, mas a instantaneidade e a imediatez, uma interatividade que se dá nos dias de hoje a nível mundial e em que existe um efeito de feedback, cibernético, absolutamente temível.

Veja a entrevista : http://www.flirt.net.novis.pt/arquivo/f_julho/julho/textos/virilio.htm

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